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| Foto: Divulgação/Agência Brasil |
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança do ex-presidente Donald Trump, voltou a interferir em assuntos internos do Brasil após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprimento de medidas cautelares.
A reação veio por meio do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão do Departamento de Estado norte-americano, que publicou mensagem condenando a decisão do magistrado brasileiro e ameaçando responsabilizar quem colaborar com a sua execução. “Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, afirmou o órgão em suas redes sociais.
Nesta terça-feira (5), o perfil oficial do governo Trump voltou a comentar o episódio, desta vez reproduzindo uma postagem de Cristopher Landau, funcionário do Departamento de Estado. “Os impulsos orwellianos desenfreados do Ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial”, escreveu Landau, em referência ao livro "1984", de George Orwell, que retrata um regime totalitário.
Reações no Brasil
A manifestação do governo norte-americano gerou forte reação no meio político brasileiro. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, classificou a declaração como “inaceitável” e afirmou que o Brasil não aceitará interferências externas em seu sistema judiciário. “O Brasil não será protetorado de luxo nem neocolônia da extrema-direita internacional. A independência conquistada em 1822 não será revogada por pressão estrangeira nem por sanções ideológicas articuladas por Eduardo Bolsonaro e seus aliados no exterior”, afirmou o parlamentar.
Contexto das investigações
Jair Bolsonaro é investigado no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Conforme as investigações, o ex-presidente teria pressionado comandantes das Forças Armadas para suspender o processo eleitoral. A Polícia Federal também apreendeu documentos que mencionam planos para prender e até assassinar autoridades públicas. Bolsonaro nega todas as acusações.
O inquérito também investiga a atuação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que viajou aos Estados Unidos e passou a defender publicamente sanções contra ministros do STF. O caso levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a solicitar a abertura de nova investigação por suposta tentativa de obstrução de processo penal.
Após o descumprimento das medidas cautelares, que incluíam a restrição de uso das redes sociais, por parte de Bolsonaro, que se manifestou por meio do perfil do filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ministro Moraes determinou a prisão domiciliar do ex-presidente.
“A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares, pela segunda vez, deve sofrer as consequências legais”, afirmou Moraes na decisão.
Defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente alegou surpresa com a decisão e informou que recorrerá. Os advogados sustentam que Bolsonaro não violou as determinações da Corte, argumentando que a mensagem transmitida por vídeo, “Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, não configura crime nem descumprimento de ordem judicial.
O vídeo foi exibido durante ato público ocorrido no último domingo (3), no Rio de Janeiro, em apoio a Donald Trump e contra o julgamento do ex-presidente brasileiro pelo STF.

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