Falta de mão de obra no comércio é a maior em cinco anos, revela CNC

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O comércio brasileiro enfrenta a maior escassez de mão de obra dos últimos cinco anos, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para lidar com a dificuldade de contratar, empresas do setor têm recorrido a salários mais altos e novos benefícios na tentativa de atrair profissionais.

A situação é particularmente crítica em áreas ligadas ao varejo e ao comércio eletrônico, segmentos que seguem em expansão. Um exemplo é uma empresa de logística na Grande São Paulo, responsável por movimentar cerca de 1 milhão de pacotes por dia, que busca preencher 60 vagas e aposta em mão de obra jovem.

De acordo com o levantamento, há escassez de profissionais em 57 das 100 principais ocupações do varejo. A gerente executiva de Recursos Humanos Bruna Campos relatou que a empresa onde atua passou a oferecer salários maiores e vale-alimentação dobrado para quem não faltar ao trabalho no mês. “Ainda assim está difícil”, afirmou.

O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, explicou que os aumentos salariais refletem o esforço das empresas em contornar o problema.

“Nos últimos 12 meses, o salário médio de admissão no Brasil cresceu mais de 5%. E em algumas profissões do comércio, esse aumento chegou a quase 10%. É um indício fortíssimo de escassez, uma forma de tentar resolver o problema de maneira mais rápida”, observou o economista.

Entre as profissões mais afetadas pela falta de trabalhadores estão operador de telemarketing, cujo salário inicial subiu quase o dobro da inflação no último ano, além de analistas de pesquisa de mercado e analistas de negócios.

Bentes ressalta, contudo, que a solução definitiva para o problema exige investimentos em qualificação profissional:

“Só será possível superar a escassez promovendo a transição do mercado de trabalho analógico para o digital e elevando o grau de capacitação dos trabalhadores”, concluiu.