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| Foto: Divulgação/Agência Brasil |
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, iniciou às 14h15 desta segunda-feira (15) novo depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da investigação sobre a suposta trama golpista envolvendo aliados do ex-presidente. A oitiva ocorre por videoconferência, sob regras rígidas de sigilo: não são permitidas gravações, fotografias ou transmissões ao vivo, embora advogados de defesa e a imprensa possam acompanhar.
Cid depõe na condição de testemunha de acusação a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), com base no acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF). Ele é obrigado a colaborar com a Justiça, como contrapartida ao benefício de responder ao processo em liberdade.
O depoimento marca uma nova fase no processo que investiga a tentativa de ruptura democrática durante a gestão Bolsonaro. A partir desta terça-feira (16), começam os depoimentos das testemunhas indicadas pelos réus dos núcleos 2, 3 e 4, que envolvem civis e militares de alta patente. Essa etapa deve se estender até o dia 23 de julho.
Núcleos da investigação
A estrutura da denúncia divide os investigados em quatro núcleos, com base em suas funções e envolvimento na suposta trama:
Núcleo 1 – Comando político e militar
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Jair Bolsonaro (ex-presidente)
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Mauro Cid (delator)
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Alexandre Ramagem (ex-Abin)
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Almir Garnier (ex-Marinha)
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Anderson Torres (ex-Ministro da Justiça)
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Augusto Heleno (ex-GSI)
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Paulo Sérgio Nogueira (ex-Ministro da Defesa)
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Walter Braga Netto (general e ex-ministro)
Núcleo 2 – Articulação de segurança e inteligência
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Filipe Martins (ex-assessor)
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Marcelo Câmara (ex-assessor)
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Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF)
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Mário Fernandes (general)
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Marília de Alencar (ex-subsecretária do DF)
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Fernando Oliveira (ex-secretário-adjunto do DF)
Núcleo 3 – Oficiais militares da ativa
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Inclui coronéis, tenentes-coronéis e generais como Bernardo Correa Netto, Estevam Theophilo e outros nomes de alta patente envolvidos em articulações operacionais.
Núcleo 4 – Reserva militar e civis
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Ailton Barros (major da reserva), Giancarlo Rodrigues (subtenente), além de policiais federais e o presidente do Instituto Voto Legal.
Próximos passos
O STF já colheu, em junho, os depoimentos do Núcleo 1, formado por Bolsonaro e seus principais ex-ministros e assessores. Agora, a Corte se debruça sobre as estruturas de apoio logístico e operacional da alegada conspiração.
A expectativa é que, após essa rodada de oitivas, o STF avance para a análise dos pedidos de abertura de ações penais contra os investigados.
A defesa dos acusados tem reiterado que não houve tentativa concreta de golpe e classifica a investigação como uma "perseguição política". Já a PGR e a Polícia Federal afirmam que há indícios robustos de articulação para desestabilizar o processo democrático, incluindo tentativas de invalidar o resultado das eleições de 2022.
A audiência desta segunda é considerada estratégica para consolidar a versão do ex-ajudante de ordens, que se tornou peça-chave para os investigadores após firmar a colaboração premiada.

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