10,9 Milhões de Pessoas Fazem Uso Arriscado de Apostas no Brasil, Segundo Pesquisa

Imagem Ilustrativa
Os jogos de apostas têm se tornado uma preocupação crescente para autoridades e especialistas no Brasil. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revela números alarmantes: 10,9 milhões de brasileiros fazem uso perigoso de apostas , com impactos significativos em suas vidas pessoais, sociais e financeiras. O estudo foi conduzido como parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) , encomendado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública , e destaca que adolescentes são o grupo mais vulnerável ao vício em jogos.

O estudo aponta que:

  • 1,4 milhão de pessoas desenvolvem transtornos de jogo no país.
  • 9,3 milhões de brasileiros utilizam plataformas de apostas online ("bets"), que já superaram modalidades tradicionais como o jogo do bicho, tornando-se a segunda forma mais popular de aposta no Brasil.
  • Apenas a loteria permanece como o principal ambiente de apostas no país.

No entanto, os apostadores de "bets" apresentam um risco significativamente maior de desenvolver comportamentos problemáticos:

  • 66,8% dos jogadores de bets usam as plataformas de maneira arriscada, comparado a 26,8% das outras modalidades de apostas.
  • Os adolescentes são especialmente suscetíveis aos riscos associados às apostas. De acordo com a pesquisa:
  • 10,5% dos adolescentes entre 14 e 17 anos apostaram no último ano.
  • 55,2% desses jovens estão na chamada zona de risco , ou seja, apresentam comportamentos que podem levar ao vício.

Especialistas explicam que adolescentes têm maior dificuldade em controlar impulsos e são mais suscetíveis à ativação emocional intensa, o que os torna alvos fáceis para o vício em jogos. Além disso, a facilidade de acesso às plataformas digitais e a exposição a publicidade agressiva amplificam o problema.

Diante dos dados preocupantes, os pesquisadores destacam a necessidade de medidas urgentes para conter o avanço do vício em apostas, especialmente entre os jovens. Entre as recomendações estão:

  • Restrições à publicidade e patrocínios de empresas de apostas, com foco em evitar a exposição de menores a esses conteúdos.
  • Campanhas públicas que enfatizem os riscos reais associados às apostas, em vez de promover o conceito enganoso de "Jogo Responsável" .
  • Regulação mais rigorosa das plataformas de apostas online, incluindo mecanismos de controle de idade e limites de gastos.

Os pesquisadores criticam o uso do termo "Jogo Responsável" , argumentando que ele pode mascarar os reais perigos envolvidos nas apostas. Para eles, é fundamental alertar a população de que comportamentos de risco não são normais e que o conceito de responsabilidade nesse contexto muitas vezes é uma falácia.

O aumento no número de pessoas com transtornos relacionados a apostas tem gerado consequências graves, como:

  • Endividamento excessivo e problemas financeiros.
  • Impactos emocionais e psicológicos, incluindo depressão e ansiedade.
  • Danos às relações familiares e sociais.

A pesquisa também destaca que o problema não está restrito apenas às grandes cidades. Com o avanço das plataformas digitais, as apostas online têm alcançado regiões remotas, ampliando ainda mais o alcance e os danos causados por essa prática.

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