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| Foto: Divulgação/Agência Brasil |
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (21) que não é possível reduzir as desigualdades sociais no Brasil e na América Latina sem enfrentar o problema da gravidez na adolescência. A declaração foi feita durante o evento Futuro Sustentável – Prevenção da Gravidez na Adolescência na América Latina e Caribe, promovido pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em Brasília.
Segundo Padilha, o enfrentamento ao tema deve ser tratado no mais alto nível de debate político, além de envolver escolas, lideranças religiosas e comunidades locais.
“Não tem como enfrentar esse tema sem promover um profundo diálogo com as lideranças religiosas que estão em nossos territórios”, destacou o ministro.
Padilha também afirmou que o Ministério da Saúde está reorganizando a atenção primária para aproximar os profissionais dos territórios onde atuam, corrigindo distorções geradas após a pandemia de covid-19.
Durante o discurso, ele ressaltou que as igrejas exercem papel central nas comunidades mais vulneráveis e que o diálogo com esses espaços é essencial para promover a educação sexual, o planejamento familiar e o empoderamento feminino.
“Os principais espaços de convivência e acolhimento das populações mais vulneráveis estão nas igrejas, nas mais variadas denominações e matrizes religiosas”, afirmou.
De acordo com o UNFPA, apesar da redução nos índices, a América Latina e o Caribe ainda registram a segunda maior taxa de fecundidade adolescente do mundo, atrás apenas da África Subsaariana. Estima-se que uma adolescente se torne mãe a cada 20 segundos na região, cerca de 1,6 milhão de nascimentos por ano. No Brasil, 12% dos nascidos vivos são filhos de mães adolescentes.
Padilha enfatizou que a gravidez na adolescência está ligada à pobreza, evasão escolar e desigualdade de gênero, e que não se pode falar em gravidez desejada nessa faixa etária.
“É algo que acontece por falta de acesso à informação, às tecnologias e, muitas vezes, a direitos básicos, como o da proteção do corpo e contra a violência”, afirmou.
O ministro também defendeu a ampliação do acesso a métodos contraceptivos, destacando a incorporação do implante Implanon ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, o dispositivo é uma das tecnologias mais adequadas para adolescentes e já está sendo implementado em projetos-piloto.
Além disso, Padilha destacou a criação da caderneta digital do adolescente e afirmou que o Brasil levará o tema à pauta do Mercosul, durante a presidência rotativa do bloco.
“Toda vez que a América Latina se reúne e encontra o que tem em comum, consegue construir políticas públicas mais fortes e mudar com mais rapidez a realidade da nossa região”, concluiu.

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