Lula anuncia taxação de big techs dos EUA e promete resposta firme a tarifas de Trump

Foto: Divulgação/Agência Brasil

Durante discurso no congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), realizado nesta quinta-feira (17) em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil vai taxar as big techs americanas, em resposta à imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos, medida anunciada recentemente pelo presidente norte-americano Donald Trump.

“Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. E eu queria dizer que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais”, afirmou Lula.

A declaração ocorre em meio a crescentes tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Na carta oficial enviada ao governo brasileiro, Trump justificou o tarifaço alegando que o Brasil estaria promovendo "ataques às atividades digitais de empresas americanas", incluindo ameaças de multas e censura a plataformas de redes sociais, o que, segundo especialistas ouvidos pela imprensa, reflete a pressão exercida pelas big techs contra as tentativas de regulação no Brasil.

Lula rebateu as alegações ao defender a regulação do setor, principalmente para proteger crianças e grupos vulneráveis de conteúdos nocivos na internet. “Nós não aceitamos que, em nome da liberdade de expressão, [as plataformas] sejam usadas para disseminar mentiras, ódio, violência contra mulheres, negros, LGBTQIA+”, disse o presidente.

STF já decidiu pela responsabilização das plataformas

A discussão sobre a responsabilidade das big techs no Brasil ganhou novo impulso após decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF), que entendeu que as plataformas podem ser responsabilizadas diretamente por conteúdos ilegais publicados por seus usuários, como apologia à violência, pedofilia e incitação ao golpe de Estado.

Taxação e Lei da Reciprocidade Econômica

Lula também destacou que o Brasil vai acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, regulamentada esta semana, como resposta às tarifas impostas por Trump. A legislação permite que o governo brasileiro adote contramedidas comerciais contra países que imponham barreiras unilaterais às exportações nacionais.

“Dia 16 de maio, a gente mandou uma carta para a equipe dos Estados Unidos propondo alternativas de negociação. Não recebemos nenhuma resposta”, revelou o presidente.

Comitê de negociação e resposta civilizada

O governo federal criou ainda um comitê interministerial, com participação do setor produtivo, para definir os próximos passos nas relações comerciais com os Estados Unidos. Segundo Lula, a intenção é dialogar, mas com firmeza.

“O Brasil gosta de negociação, respeita o diálogo, não tem contencioso com nenhum país. Mas um cara que nasceu em Caetés, chegou em São Paulo com 7 anos, sobreviveu com oito irmãos criado por uma mãe solo, chegou à Presidência da República… não é um gringo que vai dar ordem a esse presidente”, afirmou, sob aplausos.

Por fim, Lula usou uma metáfora popular para reafirmar sua posição: “Eu sou jogador de truco. Quando o cara truca, a gente tem que escolher: eu corro ou eu grito ‘seis’ na orelha dele. Então, eu estou jogando”.

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