"Rocambole do Inferno"; Flávio Dino critica discurso de ódio recebido por ouvidoria do STF e alerta para riscos à democracia

Foto: Dvulgação/Redes Sociais

Em pronunciamento no Supremo Tribunal Federal, o ministro Flávio Dino leu, com tom crítico e reflexivo, uma mensagem recebida pela ouvidoria da Corte. O conteúdo, segundo ele, ilustra o crescente clima de hostilidade contra autoridades públicas e o avanço da radicalização política nas redes sociais.

O relato, segundo Dino, partiu de um cidadão que, entre agressões verbais e ameaças explícitas, o acusava de envolvimento com movimentos pró-anistia na década de 1970. O ministro ironizou a acusação, lembrando que, em 1979, tinha apenas 11 anos de idade. “Posso garantir que eu estava jogando bola, brincando de carrinho”, afirmou.

Na sequência, Dino citou trechos da mensagem com ofensas pessoais e apelidos como “rocambole do inferno”, os quais tratou com ironia. No entanto, destacou a gravidade da ameaça contida no texto, que incitava agressão física e convocava a invasão do Supremo Tribunal Federal. O autor da mensagem, segundo o ministro, sugeria que “cem homens invadissem o Supremo e expulsassem os ministros”.

O magistrado enfatizou que, apesar do teor anedótico de alguns trechos, o episódio representa o “espírito do tempo”, marcado por discursos de ódio e ações que ultrapassam os limites da legalidade. “O espírito do tempo é de cultivo de ódios e desvarios, numa escala criminosa”, afirmou. Para ele, comentários como esses não devem ser tratados com indiferença, pois ganham materialidade e podem incitar ações violentas.

Dino também destacou que os ministros e demais agentes públicos hoje convivem com um regime de segurança mais rígido do que em décadas anteriores, justamente por conta do ambiente de hostilidade exacerbada. Ao finalizar, reforçou que decisões judiciais precisam considerar as “consequências práticas” desses discursos de ódio, especialmente quando transformados em ameaças concretas à ordem institucional. 

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