A proposta do Projeto Renascer, idealizada por Vinícius Lemos e aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Capibaribe, propõe um novo modelo de cuidado em saúde mental — mais humano, acessível e sensível às urgências emocionais que muitas vezes são negligenciadas pelo sistema público de saúde.
A iniciativa surgiu a partir da experiência pessoal de seu idealizador, que enfrentou episódios graves de ansiedade, depressão e ideação suicida. Ao buscar auxílio no sistema público, encontrou, segundo ele, não apenas a escassez de estrutura, mas também o despreparo e a frieza no acolhimento.
“Cheguei a ouvir que meu caso não era urgente e que nada poderia ser feito. Em meio a um desespero profundo, escutei frases que machucam mais do que ajudam. Foi nesse abandono que entendi o quanto o sistema falha justamente quando mais precisamos dele”, relata Vinícius.
Dessa vivência dolorosa nasceu o Projeto Renascer, concebido como um centro público permanente de acolhimento a pessoas em sofrimento psíquico, risco de suicídio, crises emocionais graves ou em situação de abandono social.
A proposta vai além do atendimento clínico tradicional e aposta em um modelo transformador de escuta, cuidado e reconstrução, oferecendo:
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Atendimento com equipe multidisciplinar especializada e acolhedora;
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Espaços terapêuticos e de expressão criativa;
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Diagnósticos éticos, respeitosos e sem pressa de rotular;
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Auxílio financeiro temporário durante o tratamento, mediante critérios definidos;
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Programas de reinserção educacional e profissional, em parceria com instituições locais;
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Abordagem preventiva que visa evitar hospitalizações desnecessárias, priorizando a vida e a dignidade.
“O Renascer não nasceu de uma teoria ou de um cargo. Ele nasceu da urgência de viver, da certeza de que ninguém deveria enfrentar a dor sozinho”, afirma Vinícius, que defende a implantação do projeto como política pública estrutural e permanente.
Atualmente, o projeto aguarda aprovação por parte da Prefeitura para ser oficialmente implantado. A expectativa é que o Renascer transforme radicalmente a maneira como o cuidado em saúde mental é oferecido no município.
Enquanto isso, o idealizador alerta: muitas pessoas continuam sofrendo em silêncio, enfrentando longas filas de espera para atendimento e, por vezes, sendo desconsideradas em sua dor. “Isso é cruel, é desumano e precisa mudar”, conclui.
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