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Foto: Divulgação |
O atual presidente do Equador, Daniel Noboa, foi reeleito neste domingo (13) após vencer a candidata de esquerda Luisa González em um segundo turno apertado e realizado sob forte tensão social e política. Com mais de 90% das urnas apuradas, Noboa consolidou a vitória com 56% dos votos válidos, contra 44% de González, o que representa uma diferença superior a um milhão de votos.
A eleição ocorreu em meio a uma onda crescente de violência ligada ao narcotráfico, que transformou o país andino em um dos epicentros da criminalidade na América Latina. Apesar do cenário de instabilidade, a votação transcorreu sem incidentes graves de segurança, registrando uma participação de quase 84% do eleitorado, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Apesar do resultado, Luisa González não reconheceu a derrota. Em discurso a seus apoiadores, afirmou que pedirá uma recontagem dos votos, alegando descrença na veracidade do resultado. “Recuso-me a acreditar que um povo preferiria mentiras em vez da verdade, violência em vez de paz e unidade", declarou. O CNE, no entanto, rejeitou a possibilidade de fraude, afirmando que as acusações "infundadas" prejudicam a democracia e a credibilidade das instituições.
O Equador vive uma das suas fases mais violentas. De acordo com a ONG Insight Crime, o país detém a maior taxa de homicídios da América Latina, com 38 assassinatos a cada 100 mil habitantes em 2024 — apesar de uma leve queda em relação ao recorde de 2023.
O contexto inclui ações de grupos armados, domínio de prisões por facções, sequestros, extorsões e o assassinato de políticos, incluindo um presidenciável. Desde 2023, mais de 30 autoridades e figuras políticas foram mortas.
Noboa, de apenas 36 anos, assumiu o cargo em eleições extraordinárias e governa sob estado de exceção em várias regiões do país. Seu governo tem como marca a militarização das ruas, a repressão direta ao crime organizado e o endurecimento das políticas de segurança.
A disputa refletiu a polarização que marca o país há mais de uma década. Noboa, herdeiro de uma das maiores fortunas do Equador e com uma postura pró-mercado, defende políticas neoliberais, enquanto González representava o correísmo, corrente política ligada ao ex-presidente Rafael Correa, que está refugiado na Bélgica após condenação por corrupção.
Enquanto Noboa vestia coletes à prova de balas e liderava operações de segurança em transmissões ao vivo, González buscava projetar a imagem de uma mãe solteira e mulher do povo, com promessas de segurança aliada à preservação dos direitos humanos.
Reeleito, Daniel Noboa terá pela frente uma série de desafios, como o combate ao narcotráfico, o controle da dívida pública que ultrapassa 57% do PIB, a crise no sistema prisional e a pobreza que atinge 28% da população.
Apesar do apoio crescente, organizações de direitos humanos alertam para abusos e arbitrariedades nas operações policiais e militares, além de possíveis riscos à democracia.
Nos bastidores, Noboa também mantém laços com os Estados Unidos, sendo um dos maiores aliados do país na região. Não descarta, inclusive, o retorno de bases militares estrangeiras ao território equatoriano.
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