Depoimento comovente de pai de criança autista viraliza nas redes e expõe abandono de famílias atípicas
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Um vídeo de pouco mais de um minuto tem comovido internautas de todo o país e gerado ampla reflexão nas redes sociais. O registro traz o depoimento profundamente sincero e doloroso de um pai de criança com autismo, que denuncia o abandono, a negligência e o medo constante que assombram famílias atípicas no Brasil.
Ao relatar com emoção sua angústia, o pai afirma:
"Se o meu filho não evoluir e chegar o dia que eu venha a morrer, que Deus tenha misericórdia de mim e leve o meu filho junto. Ou que ele venha antes." A declaração, embora impactante, evidencia uma realidade cruel: o temor de que, na ausência dos pais, filhos autistas em situação de vulnerabilidade sejam vítimas de maus-tratos, incompreensão e violência.
No vídeo, o pai descreve um episódio comum em sua rotina: o filho, sem verbalizar, sinaliza que precisa urinar. "Eu entendo, minha esposa entende, minha família entende. Mas, se ele estiver na rua fazendo isso, ele vai ser espancado e morto", desabafa. A fala reforça a invisibilidade e a falta de preparo da sociedade para lidar com pessoas autistas, especialmente aquelas com maiores níveis de dependência.
O pai, que afirma ter formação em gestão pública, critica duramente a ineficácia dos serviços especializados. “Sei como funciona um CE [Centro Especializado], sei que ele não funciona hoje para a demanda que existe”, diz. Mesmo com conhecimento técnico, ele revela se sentir impotente diante da falta de políticas públicas efetivas: "Às vezes eu me sinto inútil. De tanta luta, tanta indicação, tanta coisa que a gente já fez..."
O desabafo termina com um apelo: "Minha esperança está, infelizmente, apenas em pai e mãe de autista. São os únicos que estão cansados. Se o nosso corpo mostrasse as feridas que temos dessa batalha, tem umas que ainda nem foram saradas." E conclui, com tom de exaustão: "Quando passar o Abril Azul, esquece." — em referência ao mês de conscientização sobre o autismo, frequentemente marcado por homenagens vazias e ações pontuais, sem continuidade.
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