Seis pacientes que aguardavam transplantes no Rio de Janeiro receberam órgãos contaminados com HIV de dois doadores, conforme informou a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ). O incidente, inédito no estado, foi revelado pela BandNews FM nesta sexta-feira (11) e confirmado pela SES-RJ. O caso está sob investigação do Ministério da Saúde, Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Polícia Civil e Conselho Regional de Medicina (Cremerj).
O erro ocorreu em exames realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, localizado em Nova Iguaçu, que foi contratado em dezembro de 2023 pela SES-RJ, por R$ 11 milhões, para realizar exames sorológicos em órgãos doados. A unidade foi interditada após a descoberta de que exames cruciais podem não ter sido realizados adequadamente, e há suspeitas de que os resultados foram forjados.
A situação veio à tona no dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para HIV, apesar de não ter o vírus antes da cirurgia. Esse paciente recebeu um coração em janeiro deste ano, e o rastreamento subsequente apontou erros em dois exames realizados pelo PCS Lab Saleme.
As amostras de outros órgãos, incluindo rins e fígado, foram submetidas a contraprovas, que confirmaram a contaminação pelo HIV. Um segundo caso, ocorrido em outubro, revelou outro paciente infectado após transplante, ligando a falha a um segundo doador testado em maio.
A Secretaria de Saúde do estado tomou medidas emergenciais, transferindo todos os exames de sorologia para o Hemorio, que agora está revisando o material de 286 doadores para garantir a segurança dos procedimentos futuros.
O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para apurar o caso, e a Anvisa descobriu que o laboratório não tinha os kits necessários para a realização dos exames, aumentando as suspeitas de irregularidades.
As autoridades continuam investigando a extensão dos danos, e o MPRJ se disponibilizou para atender as famílias afetadas.
Em nota, a (SES-RJ) Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro falou sobre o ocorrido;
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.
A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.
Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.
Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas”.
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