Justiça para os outros, misericórdia para mim


Certo dia quando ensinava aos seus discípulos sobre o perdão, Jesus conta-lhes uma parábola para ilustrar o reino dos céus e também o reino dos homens. No reino dos céus há justiça para todos e também há misericórdia para todos, mas no reino dos homens há justiças para todos e misericórdia parcialmente voltada para a primeira pessoa, seja ela do singular, eu, acompanhado dos possessivos, meu, minha, seja do plural nós, nosso, nossa. Isso significa dizer, justiça injusta e misericórdia egoísta.

E Jesus com a sabedoria de um mestre que vai além do que ver e ouve, começa a discorrer sobre uma história muito interessante, que retratou o comportamento humano no passado, que retrata nosso comportamento no presente e ele diz: Certo dia um rei chama seu servos para prestação de contas e veio a sua presença um, que lhe devia uma quantidade alta de prata, mas esse servo não tinha como pagar, então foi ordenado que tanto ele como sua família fosse vendida, para pagar aquela alta dívida. Aquele homem apavorado com a possibilidade de se tornar escravo, prostra-se aos pés do rei e pede misericórdia, “dei-me um tempo e te pagarei toda dívida”!

Aquele Rei bondoso, misericordioso, quando viu a aflição do seu servo, o libera, perdoa a dívida e o deixa ir, porém, aquele homem que chora por perdão para si e sua família, que sente muita misericórdia de si e dos seus, é altamente justo quando se trata da dívida do próximo e reage com dureza no coração quando é um conservo seu, que necessita de misericórdia e manda aprisioná-lo mesmo implorando aos seus pés e mesmo a dívida dele sendo infinitamente inferior aquela perdoada pelo rei. Mas aquele reino onde se passa essa história é semelhante ao reino dos céus e o rei sabendo do ocorrido, chama aquele homem a sua presença e o repreende pela insensibilidade ao perdão e passa a cobrar-lhe a dívida.

A humanidade desde que o mundo é mundo é treinada em toda história a olhar apenas para aquilo que a cerca, que pertence a ela e corre desenfreadamente em busca de coisas que apenas beneficie a si e aos seus e dentre essas coisas está o senso de “justiça”, ou, autocomiseração, sentimento de compaixão por si mesmo, tornando-se capaz de lançar-se aos pés de outro para obter benefícios, de chorar, de implorar... Porém do mesmo modo que ocorre na parábola contada por Jesus, nos acontece todo dia e não nos damos conta disso, porque estamos com os nossos olhos voltados para nós mesmos, nossos próprios interesses, ideologias e nos esquecemos dos outros, esquecemos que o REINO DOS CÉUS é feito de justiça e misericórdia!

O objetivo de contar a parábola era para corrigir desvios de conduta na personalidade da igreja que Jesus estava edificando, que em outros tempos fora corrompida pelo pecado e se acostumado com o pecado, com aquilo que é mal. O problema maior que enfrentamos não é o mal, porém o amoldar-se ao mal e Jesus enfrenta uma estrada longa de ensinamentos, que revelou e revela como nos acostumamos com aquilo que visivelmente destrói toda e qualquer sociedade, mas o seus ensinamentos também nos mostra, que é possível um comportamento sadio através dessa consciência. A maldade, a justiça injusta, a misericórdia egoísta destrói o caráter, os ensinamento de Cristo reconstrói.

Os nossos dias multiplicaram essa conduta em nós, a ponto de defendermos e justificarmos aquilo que é do nosso interesse, mas ao mesmo tempo condenamos pelos mesmos erros ou dívida, aqueles ou aquilo que não é do nosso interesse. Isso nos intima a redobrar nossa atenção para o nosso comportamento, pois o nosso reino não é desse mundo, onde a injustiça é tida como justa, onde a verdade depende do ponto de vista. O reino a que pertencemos é bem definido pelas palavras de Jesus, que define não apenas o que é espiritual, mas também um comportamento social digno, de justiça para todos e misericórdia também para todos.

Mateus 18:21-35

Por Edmilda Queiroz

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