Fotos: Bruno Muniz |
Se você transita ou já transitou recentemente pelas principais avenidas de Santa Cruz do Capibaribe, provavelmente já deve ter se deparado com este jovem fazendo malabares em algum sinal. Apesar de não ser uma atividade comum no município, as apresentações chamam a atenção dos condutores, muitos entendem do que se trata, outros não, e é por isso mesmo que fizemos uma entrevista com o artista de rua Carlos Eduardo que você irá conhecer agora.
Carlos Eduardo tem 23 anos e é natural de Campina Grande - PB, casado e possui um filho. Iniciou sua carreira como artista de rua quando ainda tinha nove anos de idade, onde segundo ele conheceu um colombiano e um argentino que teriam lhe ensinado o que sabe fazer até hoje, que é o malabarismo com objetos, desde então deu início as suas peregrinações pelo Nordeste do Brasil e assim vive até hoje.
Em conversa com o Blog Santa-cruzense, Carlos nos confidenciou algumas informações sobre a sua vida e como é trabalhar nas ruas. Segundo o jovem, antes de chegar até Santa Cruz do Capibaribe teria vindo de Natal, no Rio Grande do Norte, onde passou uma temporada.
O mesmo não possui moradia fixa, e especificou como é andar de cidade em cidade dessa forma.
''Nós vivemos como dá quando chegamos numa cidade nova, se tiver onde dormir, nós dormimos, se não, armamos barracas e assim vai... Aqui nós conseguimos alugar um barraco (residência) e estamos lá até quando der.'' frisou.
Perguntamos ao mesmo como é atuar em Santa Cruz do Capibaribe, e se o povo desta localidade compreende a arte que ele faz, colaborando de maneira generosa.
''O povo daqui é bom, ajudam bastante, sempre no início é assim, daí quando percebemos que não está mais dando para nos manter com o que ganhamos em alguma localidade nós partimos para outro local e continuamos fazer (ganhar) a vida. Mas por enquanto aqui está bom, as pessoas ajudam bastante.'' disse Carlos.
Quando perguntando se há algum preconceito, ele nos respondeu:
''As vezes tem sim, porque algumas pessoas acham que porque estamos na rua queremos rouba-las, mas não é bem assim, nosso trabalho é uma arte, é o nosso ganha pão e dependemos disso'', respondeu.
As atividades de Carlos são relativas aos dias e clima, tudo depende de chuva, de local e do fluxo de pessoas que passam por determinados pontos da cidade. Suas apresentações consistem todas em cima do malabarismo, seja com bolinhas, com claves, ou até mesmo cuspir fogo.
Carlos aponta também, que em cidades maiores existe concorrência entre os artistas que praticam as mesmas atividades, o que em alguns casos pode gerar conflitos, nestes casos, segundo ele, é melhor buscar outros locais, outras opções e até mesmo mudar de cidade. No mais tudo é desafio e acidentes podem ocorrer, como atropelamentos, entre outros, desta forma ele fala que trabalhar e viver das ruas não é uma opção fácil, é preciso ser atencioso e acima de tudo ter coragem.
Com o dinheiro que ganha nas ruas, Carlos alimenta e mantém esposa e filho.
Carlos, assim como milhões de brasileiros, sonha em poder viver da arte plenamente, mas de certa forma vivem, mesmo sem luxos e regalias conseguem se sustentar com o fruto de seus esforços como artistas. Sem aplausos, sem luzes, sem cortinas, os únicos sons que recebem são os que saem nos canos de escape dos veículos, as luzes que clareiam seus caminhos são dos faróis, e as cortinas sãos formadas pela fumaça deixada para trás quando os automóveis se vão, esta é a realidade de um artista de rua...