Governo brasileiro estuda rompimento de relações militares com Israel diante de ofensiva em Gaza


O governo federal avalia a adoção de medidas para suspender as relações militares com Israel, em resposta à escalada da ofensiva israelense na Faixa de Gaza. A iniciativa ocorre em meio às reiteradas denúncias, por parte do Executivo, de que as ações de Tel Aviv configurariam um genocídio contra o povo palestino.

A informação foi confirmada pela Assessoria Especial da Presidência da República. O assessor-chefe da Presidência, Celso Amorim, afirmou à imprensa que é necessário agir com coerência frente aos princípios humanitários e ao direito internacional.

“Pessoalmente, acredito que a escalada dos massacres em Gaza, que constituem verdadeiro genocídio com milhares de civis mortos, incluindo crianças, é algo que não pode ser minimizado. O Brasil precisa, inclusive, por meio das medidas apropriadas, ser coerente com os princípios humanitários e de direito internacional que sempre defendeu”, declarou Amorim.

Nesta semana, Amorim recebeu um grupo de cerca de 20 parlamentares e representantes da sociedade civil, que solicitaram ao governo o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel.

Embora avalie que um rompimento diplomático seria uma medida sensível, que poderia afetar brasileiros residentes em Israel e palestinos que dependem da mediação brasileira, o Executivo considera que a suspensão das relações militares — incluindo contratos e acordos de cooperação — seria uma resposta proporcional e viável diante do agravamento do conflito. A iniciativa também contempla a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, considerados ilegais pelo direito internacional.

Em janeiro deste ano, o governo já havia cancelado uma compra de blindados israelenses por meio do Ministério da Defesa, em protesto à ofensiva em Gaza.

Pressão social e política

A deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), responsável pela articulação da reunião com Celso Amorim, afirmou que o governo pode anunciar “nos próximos dias” medidas concretas sobre o tema. Segundo a parlamentar, trata-se de um “extermínio televisionado” e o Brasil precisa tomar posições firmes e efetivas.

“Viemos pedir que o Brasil adote sanções, que inclusive são respaldadas pelo direito internacional. É desumano. Se a gente naturaliza a barbárie, a maldade no mundo não tem limites”, publicou em uma rede social.

Movimentos sociais e entidades representativas também têm pressionado o governo brasileiro a agir. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) publicaram carta aberta solicitando que a Petrobras interrompa a venda de petróleo ao governo de Israel.

“Hoje, é evidente a necessidade urgente de um embargo global total de energia e armas para frear o genocídio, além de desmantelar o apartheid e a ocupação ilegal por Israel”, diz o documento conjunto.

O movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado por palestinos, defende há anos ações internacionais contra Israel, em protesto à ocupação da Cisjordânia e ao bloqueio imposto à Faixa de Gaza desde 2007.

Israel, por sua vez, considera o BDS uma ameaça à sua existência e uma tentativa de deslegitimação perante a comunidade internacional.

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