Atlas da Violência 2025 aponta aumento nas mortes por acidentes de trânsito, com destaque para motocicletas

Foto: Divulgação/Agência Brasil

Dados divulgados nesta segunda-feira (12) pelo Atlas da Violência 2025 revelam que a taxa de mortes por acidentes de trânsito voltou a crescer no Brasil, alcançando 16,2 óbitos por 100 mil habitantes em 2023. O número representa um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior, quando a taxa foi de 15,8.

O levantamento, inédito ao incluir dados específicos sobre violência no trânsito, chama atenção para os acidentes com motocicletas, cuja taxa subiu de 5,6 para 6,3 mortes por 100 mil habitantes — uma alta de 12,5% em apenas um ano. É o maior patamar desde 2020.

Apesar da redução geral nas mortes no trânsito ao longo da última década — de 21,2 para 16,2 por 100 mil habitantes (queda de 23,6%) — os óbitos envolvendo motociclistas cresceram no mesmo período, passando de 6 para 6,3 (alta de 5%).

Em 2023, foram registrados 34,9 mil acidentes fatais no trânsito, ante 33,9 mil em 2022. Desses, quase 13,5 mil envolveram motocicletas, o que representa 38,6% do total. Em sete estados, mais da metade dos acidentes fatais têm relação com motos, com destaque para:

  • Piauí: 69,4%

  • Ceará: 59,5%

  • Alagoas: 58,4%

  • Sergipe: 57,8%

  • Amazonas: 57,3%

  • Pernambuco: 54,4%

  • Maranhão: 52,2%

Já as menores proporções foram observadas no:

  • Rio de Janeiro: 21,4%

  • Amapá: 24,1%

  • Rio Grande do Sul / Distrito Federal: 24,5%

  • Minas Gerais: 25,9%

  • Paraná: 30,7%

As maiores taxas de mortes por acidentes com motos por 100 mil habitantes foram registradas no Piauí (21), Tocantins (16,9) e Mato Grosso (14,7). Em contrapartida, os menores índices foram verificados no Amapá (2,3), Rio de Janeiro (2,4) e Distrito Federal (2,4).

Segundo o pesquisador do Ipea, Carlos Henrique Carvalho, o crescimento dos acidentes com motos está diretamente ligado à expansão da frota, especialmente nas regiões mais pobres. “É um veículo mais acessível, de baixo custo operacional, mas extremamente inseguro para o transporte urbano”, alerta.

O estudo reforça o debate sobre a regulamentação do transporte de passageiros por motocicletas, especialmente em grandes centros urbanos como São Paulo, onde a liberação do serviço enfrenta resistência jurídica.

O Atlas da Violência é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), utilizando dados do IBGE, do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

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