Destaques Traga a morte pra perto de si — Por Beethoven Barbosa

Traga a morte pra perto de si — Por Beethoven Barbosa


Memento mori é um pensamento cristão em latim que significa “lembra-te de que morrerás”. Tal pensamento era propagado principalmente na Idade Média, no intuito de constantemente lembrar os cristãos de que a morte inevitavelmente está sempre a nossa espera. De fato, se essa consciência da morte é um fardo para todos nós, também pode se apresentar como uma forma de alívio, pois como dizia um certo gênio chamado Machado de Assis: “esta é a grande vantagem da morte, que, se não deixa boca para rir, também não deixa olhos para chorar”.

Nesse sentido, pode-se se observar que tanto para a cristandade de um modo geral, como também para as sociedades ditas “primitivas”, há uma percepção muito sofisticada do fenômeno da morte. De acordo com essa concepção, a morte não existia de fato, mas se manifesta como uma etapa da existência, ou mesmo uma porta para uma realidade transcendente.

Desse modo, quando analisamos a poesia e erudição das mitologias antigas, e refletimos sobre os preceitos cristãos, que são altamente refinados, chegamos à conclusão de que a morte não sendo um fim em si mesma, serve como um poderoso referencial na atribuição de significado da própria vida. A consciência da morte nos leva a refletir sobre o que nós estamos fazendo das nossas vidas. Se estamos preocupados apenas em projetar nosso egoísmo que daqui a pouco estará em um caixão, ou em ser alguém que de fato é fator de soma na vida das pessoas.

Essa consciência de finitude e vulnerabilidade, nos leva a compreensão de que o sentido de nossas vidas encontra-se atrelado a nossa capacidade de depurar, cada vez mais, o nosso discernimento sobre quem somos e a pessoa que queremos nos tornar. Ou seja, lutar com todas as nossas forças no sentido de progredir na expressão de nosso ser e na construção de nós mesmos, no intuito de sairmos daqui desse mundo um pouco melhor do que chegamos.

Trazer a morte pra perto de si significa toma-la como conselheira, e verificar se ela validaria o seu hoje. Se você soubesse que vai morrer amanhã, você estaria vivendo a vida que está, ou estaria fazendo outra coisa? Com o que e com quem você realmente se importa? Sendo assim, é melhor viver 100 anos de uma vida vazia e superficial, ou viver 20 anos intensamente e de forma heroica?

Quem tem o hábito de renascer e lutar por uma vida que tenha sentido e significado não se desespera diante da morte. A morte, neste caso, se apresenta como uma amiga conselheira que nos orienta a fazermos o que realmente nos torna pessoas plenas e cheias de vida. Nas palavras de Joseph Campbell “todos os dias, eu faço o possível para que algo morra em mim, e algo novo renasça. A morte é minha íntima, quando ela vier pela última vez eu irei dizer seja bem vinda, companheira de todos os dias. Todos os dias eu convivo com a renovação”.

Por Beethoven Barbosa

Bruno Muniz 26 fev 2019 - 0:42m

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