Por que somos regenerados?

Será que nasci pecador ou torno-me um pecador?

Romanos 5.12- 21.
RESUMO

O presente texto procura responder a pergunta do tema. O mesmo conscientiza o leitor da universalidade do pecado na raça humana, como também, a abrangente necessidade da graça divina.

INTRODUÇÃO

Quando olhamos para os dias de hoje, percebemos como o ser humano procura ser advogado de si próprio. Essa autodefesa é naturalmente exercida e progride constantemente na consciência humana. Temos com isso a forte tendência em favorecer a nossa vontade, ou seja, somos com isso escravos da própria vontade pecadora que habita em nossa natureza carnal. Com isso pretendo mostra a influência mortal do pecado original na raça humana, trazendo assim a realidade da universalidade do pecado no mundo.

O pecado original é universal

Após a morte dos apóstolos, a Igreja teve como representantes os chamados Pais da Igreja após a era Apostólica, eles foram homens piedosos e testemunhas dos ensinos dos apóstolos; entre eles podemos citar Tertuliano que comentou sobre o pecado como o mal da alma, ao qual afirmou as seguintes palavras ‘… toda a alma, estando manchada, é julgada em Adão até seja rejulgada em Cristo’[1]. Outro pai da Igreja, Ambrósio, afirmou que ‘Adão viveu e nós vivemos nele; Adão morreu e nós morremos nele’[2]. Santo Agostinho, que viveu no quarto século da era do Cristianismo, foi o primeiro a organizar a doutrina do pecado original. Ele afirmou que ‘… o pecado original não é uma substância, mas uma qualidade das afeições, um defeito, uma fraqueza, um incômodo, um acidente de nossa natureza’.

Sobre o pecado original, Herman Bavinck resumiu a doutrina com as seguintes palavras; ‘A doutrina do pecado original é um dos assuntos mais importantes e difíceis da teologia cristã. Sem ela não podemos entender a nós mesmos, e, apesar disso, ela continua sendo final e incompreensivelmente um mistério para nós. ’[3] De fato, esse é um assunto bíblico e teológico; bíblico porque é narrada no texto sagrado uma realidade vivenciada pela natureza humana, e porque enxergamos na criação um estado depravado e sua consequências aos olhos do decreto de Deus. Teológico porque a existência do pecado também esclarece a realidade da vontade de Deus na criação. O fator bíblico e teológico é descritos aqui de forma gradativa, ou seja, primeiro vem o aspecto bíblico, depois o fator teológico da doutrina do pecado original. Podemos observar o fator bíblico da doutrina do pecado original quando associamos Adão a Cristo.

O Pecado original aponta a necessidade da salvação

Quando Agostinho harmonizou a doutrina do pecado original, ele tinha em mente, conforme a Escritura, apresentar a impossibilidade humana em adquirir a salvação por meio de seus méritos. De fato, a doutrina do pecado original poderia ser interpretada como um ensino que enalteceria a graça de Deus no pecador. Trazendo a pergunta do nosso tema, ou seja, por que somos regenerados? Apresentaria a importância do plano de Deus, em relação à depravação humana, para a salvação do pecador como algo gracioso e, portanto, imerecido. A pergunta do tema poderia ser tratada da seguinte forma, por que somos salvos? Somos salvos por que Deus quis. A salvação é uma reconciliação estritamente Divina; O mediador desta redenção eternamente será o Cristo de Deus.  A relação entre Jesus Cristo e o pecador, pode muito bem ser descrita, quando associamos Adão a Cristo.

Adão prefigurava Cristo

O apóstolo Paulo escreve em Romanos que ‘…Adão…, o qual prefigurava aquele que havia de vir’ 5.14. Essa passagem traz uma comparação entre o processo iniciado por Adão e o processo colocado em funcionamento por Cristo. Adão traz o pecado a condenação e a morte. Nele todos são levados a herdar a mesma natureza caída. Todos estão envolvidos no pecado de Adão. Importante explicar que o início da universalidade do pecado começa em Adão. Na passagem de Romanos 5.12-21, o apóstolo Paulo informa aos seus leitores da transmissão do pecado na raça humana. A universalidade do pecado, conforme escrito em Romanos em seus cinco primeiros capítulos, deriva especificamente da queda de Adão. Esse estado pecaminoso de Adão é visto como uma punição estabelecida por Deus; toda a raça humana carrega em si a culpa de seus primeiros pais; os seres humanos são, por isso, pecaminosos desde a sua concepção. Em relação a isso, Agostinho comentou que ‘É surpreendente, porém, que o mistério mais distante de nosso entendimento seja a transmissão do pecado, a coisa sem a qual não podemos ter entendimento de nós mesmos![4]’. De fato é um mistério a transmissão do pecado ao pecador. Sabemos que nascemos em pecado, mais não sabemos descreve como adquirimos. Ela é, pois um salário que nunca falta, mas estar sempre presente em nossa realidade. No entanto, há uma ligação entre Adão e Cristo. Enquanto que Adão o mesmo inaugura um estado pecaminoso que se segue em um ato pecaminoso, afinal, o pecado original dá origem a todos os outros pecados, em Cristo somos levados à reconciliação. Ele traz justiça, justificação e vida.

Também ao tratar sobre essa doutrina, precisamos também pensar na universalidade do pecado como realidade na criação. A redenção da Criação está ligada à realidade universal do pecado, pois enquanto que o estado pecaminoso atingiu a todos, a redenção, no entanto, é estritamente ligada aos que chamados a Aliança de Deus por meio do Seu Filho. O Evangelho traz em si essa mensagem da vontade de Deus. O Evangelho enaltece a graça salvadora de Deus em relação ao escravo pecador.

Conclusão

A regeneração é uma transformação necessária em relação ao estado depravado da criação. Esse ato descrito como um princípio de nova vida no pecador introduzido pelo o Espírito Santo é o sinal da manifestação da graça do Criador na criação. É a providência manifestada de forma exclusiva e especial por Deus por meio do Seu Filho o Senhor Jesus Cristo. Chegamos com isso na necessidade de conhecermos, de forma mais clara, sobre a graça e o seu envolvimento em toda a doutrina do pecado original. Portanto, ao tratarmos sobre pecado original, Adão e Cristo, salvação, somos com isso, levados a confessar que somos salvos pela graça. Somos pecadores porque pecamos; temos a mesma culpa e natureza de Adão. Somos envolvidos na mesma punição porque temos a mesma inclinação ao pecado.
O autor do texto é ministro presbiteriano em Santa Cruz do Capibaribe, PE, desde 2012.

1 BAVINCK, Herman; Chamado e regeneração; Volume III; p. 104. Dogmática Reformada. Ed. Cultura Cristã. 2012.

2 Ibid, p. 96.3 Ibid, p. 96.4 Ibid, p. 77.
Por: Pr. Tiago Xavier

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