A esperança renasce no espelho

Equipe de salão de beleza de Santa Cruz do Capibaribe doa perucas naturais para mulheres que perderam os cabelos em decorrência de doenças ou tratamentos médicos
Fotos: Roberta Bastos (Divulgação)
Desde os primórdios da humanidade, o cabelo é tido como uma das mais relevantes partes do corpo feminino, a cultura desenvolvida em torno das mulheres na maior parte do mundo exige que as mesmas possuam cabelos longos, ou no mínimo, possuam-o. Diante disso, é notável que o homem aprendeu ao longo do tempo a lidar com a queda dos fios. É possível encontrar por exemplo em uma breve ronda pelas ruas, centenas de homens popularmente vistos como 'carecas', com pouco ou cabelo algum.

Raras são as ocasiões em que as mulheres optam por cortes de cabelos mais radicais, isso ocorre na maioria das vezes por questões de saúde, dada obrigatoriedade. Em tratamentos de Câncer por exemplo, os pacientes perdem todo os cabelos de maneira rápida e em condições extremas, fruto das reações de quimioterapias e radioterapias.

Pesquisas comprovam que os homens que passam por este doloroso processo conseguem lidar melhor com as consequências destes acontecimentos, mas que na mesma situação, a queda de cabelos atinge diretamente a autoestima feminina. Dentro deste contexto, surgem algumas opções para que se amenize o sofrimento das mulheres em tratamento, uma dessas opções são as perucas, artificiais ou naturais.

O peruca artificial oferece um respaldo, mas de acordo com quem confecciona o material, não se é comparada com uma mesma peça sendo que natural. A diferença notória é explicável, o que é artificial dificilmente compara-se ao natural, sendo assim uma peruca feita com cabelo humano proporciona muito mais bem estar e confiança para quem a usa.

Um dos problemas em torno da peruca natural é o valor em que elas são postas no mercado, algo entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 no mínimo. Ou seja, um valor bastante expressivo para quem já encontra-se gastando pequenas fortunas com tratamentos médicos.


Em Santa Cruz do Capibaribe, um salão de beleza se mobilizou para proporcionar este bem à mulheres carentes sem custear as perucas naturais. Nossa equipe conversou com Roberta Bastos, uma das responsáveis pelo salão de beleza ''Sinha Cabeleireira'', onde na ocasião a mesma falou um pouco sobre o projeto de doação de perucas feitas no município.
''Em 1º de maio de 2014 começamos uma campanha de doação, devido a quantidade de cabelos deixados aqui (no salão). Trabalhamos com Mega Hair, e as clientes deixavam os restos de cabelo, porque estavam curtos. Passamos uns dias cortando de graça os que eram para doação, a primeira intenção era doar para o IMIP (Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira - Caruaru)'', explica Roberta.

Ainda segundo Roberta, a dificuldade para que os responsáveis pela coleta dos cabelos fossem busca-los gerou um certo desanimo no grupo, mas que não desistiram e resolveram se engajar na causa de uma outra maneira.
''Deus colocou um propósito em nosso coração, fizemos uma parceria com uma 'peruqueira' que fabricou em um preço ótimo. No começo das doações passamos quatro meses com elas prontas, sem querermos divulgar na internet pelo fato de não querermos divulgação da empresa por conta disso'', conta.

Roberta que é filha da proprietária do salão onde trabalha relata ainda que são muitos os casos em que as mulheres perdem o seu cabelo natural, não apenas por consequências do câncer. Neste quesito são atendidas pessoas de toda região.
''Procuramos atender em um horário como se fosse cliente, mas sem custos. Isso porque não queremos apenas entregar a peruca e ''tchau''. Provamos, vemos as cores, ajustes, corte, escova, tudo para que ela saia com a autoestima lá em cima. Alopécia é uma doença que cai todos os pelos do corpo, estudei sobre ela há um tempo atrás, porém não conhecia casos aqui. Incrivelmente tivemos mais doações para esses casos do por decorrência do câncer'', ressaltou.

Roberta explica como funciona o processo de doações de perucas naturais.
''Na entrega das perucas fechamos um acordo, assim que já não precisarem mais delas, devolvam-as para que possamos ajudar outras pessoas'', frisou.
Por fim, questionamos a entrevistada sobre o sentimento de promoverem uma ação tão louvável, em resposta, Roberta Bastos simplifica:
''Não tem uma que não chore...'', pontuou.

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